Os efluentes são produtos líquidos ou gasosos, resultantes de ações humanas. Normalmente se dividem em duas categorias chamadas de efluentes industriais e efluentes domésticos. Neste primeiro tipo, as chaminés industriais são as maiores emissoras de efluentes gasosos. Já os efluentes líquidos podem ter várias origens pois, envolve a presença de água com algum agente poluente, como a matéria orgânica, compostos químicos e tóxicos.
Efluente doméstico
O efluente doméstico costuma ter menos potencial poluente, mas, os simples resíduos do nosso lar podem causar danos graves ao meio ambiente. A grande quantidade de material orgânico produzido, bem como os possíveis produtos químicos, promove um aumento no impacto ambiental.
Entre os efluentes domésticos estão:
O esgoto sanitário de prédios, de edifícios comerciais, de casas térreas e de outros estabelecimentos;
As caixas de gordura de casas, lanchonetes, restaurantes;
As fossas sépticas, muito usadas em ambientes rurais.
O esgoto sanitário é um efluente doméstico especial. Este efluente envolve os dejetos oriundos de residências, indústrias, estabelecimentos comerciais, qualquer construção com cozinha e/ou banheiro, com disposição em redes de captação, fossas ou tanques de acúmulos.
O esgoto sanitário é composto por líquidos e sólidos gerados pela limpeza de nossas casas e instalações, dejetos sanitários que incluem urina, fezes, lavagem de áreas comuns, restos de comidas, entre outros. Envolve sólidos suspensos e sólidos dissolvidos, matéria orgânica, organismos causadores de doenças como, bactérias, vírus, helmintos, protozoários e nutrientes como o caso de fósforo, nitrogênio e outros.
Efluentes industriais
O efluente industrial inclui rejeitos originados da produção industrial que não são utilizados pela fábrica. Esses rejeitos vão variar de acordo com cada indústria. Os exemplos mais comuns, são os rejeitos orgânicos da indústria de alimentação e aqueles originados da mineração, graxas e óleos em indústrias mecânicas e produtos químicos em indústrias químicas ou farmacêuticas.
Dessa forma, o efluente industrial biodegradável tem características próprias, pertinentes aos processos industriais. Os aspectos químicos, físicos e biológicos mudam de acordo com a atividade industrial, a operação, a matéria-prima usada e outros pontos.
Geralmente, as pessoas acreditam que o termo "efluente" se refira somente a substâncias no estado líquido ou até gasoso, mas, o termo é mais abrangente. Esta denominação envolve também produtos em estado sólido ou em estado intermediário, desde que apresente um potencial tóxico muito alto.
Tipos de efluentes industriais
Água de lavagem – Envolve uma variação grande de resíduos, como a água de lavagem de:
Chão de fábrica, desde que não tenha óleos e outros contaminantes;
Containers, pelo processo de vaporização, dependendo do tipo de material armazenado;
Equipamentos para fabricação de produtos de higiene pessoal;
Tanques de preparo de materiais saneantes e domissanitários;
Máquinas e equipamentos utilizados na produção de medicamentos para uso animal;
Máquinas e equipamentos usados na produção de bebidas e alimentos;
Máquinas e equipamentos empregados na produção de cosméticos;
Máquinas e equipamentos usados na produção de produtos de limpeza;
Processos para fabricação de embalagens;
Máquinas e equipamentos para produção de fármacos.
Água residuária - A água residuária envolve a água resultante de:
Tingimento de algodão com pigmentos orgânicos;
Processos de fabricação de resinas.
O efluente propriamente dito – nessa subcategoria, estão reunidos os resíduos gerados em:
Tanque de absorção de material particulado no setor de lixamento de madeira;
Lavagem de tanques de GLP;
Laboratórios da empresa (em testes de controle de qualidade, na fabricação de corantes);
Locação de banheiros químicos (livres de metais);
Limpeza e descontaminação de equipamentos;
Pós-tratamento físico-químico.
Lodo líquido e chorume de aterros classe II - o lodo líquido consiste na substância originada de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) biológica, principalmente a sanitária. O chorume é formado pela decomposição de materiais orgânicos em aterros sanitários.
Tipos de tratamento de efluentes
A forma de tratamento é indicada de acordo com a carga poluidora e a presença de contaminantes. Especialistas da área são quem coletam e realizam análises dos parâmetros que representam a carga orgânica e a carga tóxica dos efluentes.
Existem várias Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs) em todo o Brasil. Elas são responsáveis pelo processo de limpeza dos efluentes para que estes retornem ao meio ambiente. As ETEs convencionais aplicam cinco etapas aos efluentes coletados: pré-tratamento, tratamento primário, tratamento secundário, tratamento do lodo e tratamento terciário. Em geral, tratam-se de tratamentos físico-químicos ou biológicos.
Pré-tratamento
Nesta etapa os efluentes são sujeitados a forte separação de sólidos. Para este trabalho, normalmente, são utilizados dois processos: o gradeamento e a desarenação. O gradeamento é executado por grades metálicas que funcionam como uma barreira para os sólidos. Eles acabam sendo detidos por elas e então, os sólidos são retirados em maiores dimensões. Esse processo garante maior segurança aos equipamentos das estações, isso porque devido ao tamanho dos resíduos, há possibilidade de danificar os dispositivos ao longo da unidade.
Já a desarenação tem a função de retirar os flocos de areia por meio da sedimentação. Nessa etapa, os grãos de areia vão para o fundo do tanque por serem mais pesados, enquanto as matérias orgânicas vão para a superfície. Esse processo serve para facilitar o transporte e também para conservar os equipamentos.
Tratamento primário
O tratamento primário é realizado por meio de processos físico-químicos que buscam remover os sólidos em suspensão sedimentáveis, materiais flutuantes e matéria orgânica.
Esses processos constituem diversas etapas. Primeiro, são inseridos produtos químicos nos efluentes para neutralização da carga. Em seguida, ocorre a floculação do efluente que nada mais é do que o agrupamento das partículas poluentes para a próxima etapa.
Depois da floculação, é feito a decantação primária que separa o sólido, ou seja, o lodo e o líquido como o efluente bruto. Os efluentes passam por decantadores que fazem o lodo ficar no fundo do tanque.
Tratamento secundário
Esta fase é composta por processos bioquímicos que podem ser aeróbicos ou anaeróbicos. Esse processo objetiva retirar a matéria orgânica que não foi removida no tratamento anterior. Se bem feito, o tratamento permite obter um efluente em conformidade com a legislação ambiental.
Os processos aeróbicos e anaeróbicos trabalham na composição da matéria orgânica suspensa e a dissolvida na água que resultam em gás carbônico, material celular e água. O efluente ao final desse processo sai com até 95% livre de poluentes.
Após esse procedimento, há uma decantação secundária que clarifica a água e separa o lodo restante do processo.
Tratamento do lodo
Antes de explicar o que é o tratamento de lodo é necessário entender seu significado. Sendo assim, o lodo é toda a matéria orgânica removida ao longo do tratamento do esgoto. Portanto, sua quantidade e natureza depende das características do efluente inicial e do processo de tratamento escolhido.
O tratamento do lodo tem o objetivo de diminuir o volume e o teor de matéria orgânica. O primeiro passo é fazer o adensamento. Esse processo tem a finalidade de reduzir a quantidade de água presente no lodo, diminuindo seu volume.
A segunda etapa consiste na digestão anaeróbica para reduzir os microrganismos patogênicos, diminuir o volume e permitir a utilização do lodo, como por exemplo, em atividades agrícolas.
A terceira etapa submete o lodo a processos químicos e de desidratação, permitindo a coagulação dos sólidos e remoção da umidade.
O produto final é rico em matéria orgânica, nitrogênio, fósforo e nutriente, possibilitando seu uso na agricultura ou em reflorestamento. Entretanto, é possível descartar o lodo em aterros sanitários, junto com o lixo urbano, ou em incineradores.
Tratamento terciário
Depois de executar o tratamento secundário, a água já pode retornar aos recursos hídricos. No entanto, pode-se passar o efluente por outro tratamento para ser reutilizado com fins não potáveis. Essa reutilização é importante para a escassez de água.
Este efluente é utilizado para fins não potáveis como por exemplo, lavagem de ruas. Isso porque mesmo tratado pode haver elementos que não podem ser ingeridos como nitrogênio e fósforo.
Desse modo, o tratamento terciário serve para remover essas substâncias através de técnicas de filtração, ozonização, cloração, osmose reversa, dentre muitas outras. Além disso, consiste em aplicar técnicas para remover poluentes específicos que não foram retirados pelos processos mais comuns. Essas substâncias, por exemplo, podem ser compostos não biodegradáveis, nutrientes e metais pesados que exigem maior grau de tratamento.
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Fonte: EOS e LEAK Inspection
Imagem: Envato Elements