Ingressar no mercado de trabalho não é uma tarefa fácil atualmente, porém, essa é uma das várias dificuldades enfrentadas por pessoas com deficiência, sendo um obstáculo ainda maior. Além das limitações que o deficiente tem, existem as barreiras impostas dentro do próprio mercado de trabalho que dificultam a entrada do mesmo.
De acordo com a advogada e coordenadora da Associação dos acidentados (Aciteg), Eleydes Inácio, a instituição Aciteg tem a finalidade de reintegrar o deficiente físico no mercado de trabalho, oferecendo dignidade e oportunidade, porém, não é uma tarefa fácil para reintegra-lo no mercado de trabalho. "Nós ajudamos não só na integração do mercado, como também na saúde deles, dando atendimento gratuito de fisioterapia e psicologia", diz a coordenadora.
Eleydes relata sobre o processo de seleção para pessoas com deficiência, "É difícil, as empresas o qual tem mais de cem empregados, tem que obedecer uma cota em razão da lei 8213/91, essa lei é a contratação de deficientes nas empresas. Elas tentam simular uma situação para não ter que contratar. Ocorreu na Aciteg com o deficiente na hora da contratação, no qual foi solicitado pela empresa, que pegaram a carteira de trabalho dele, e na hora da contratação alegaram que a vaga já estava preenchida. Eles pegam a papelada, levam no ministério do trabalho e apresentam para o fiscal como se estivessem contratando, mas na verdade eles não contrata", afirma.
Segundo a coordenadora, quando ocorre esse tipo de situação, a Aciteg informa ao auditor do trabalho para que averigue e atue a empresa. Todas as associações que lidam com a reintegração de pessoas com deficiência ao mercado de trabalho enfrentam essa situação, pois a as empresas é resistente ao contratar. Para ela falta um trabalho maior de conscientização por parte do poder público, demonstrando que o deficiente é capaz, havendo também por parte da empresa no processo seletivo.
Além dos empecilhos enfrentados pelos deficientes de se integrar no mercado, há também a falta de acessibilidade nas ruas e no local de trabalho. Ruas e calçadas inacessíveis, atrapalhando na locomoção de cadeirantes, alguns lugares não possuem adequação de piso tátil para o deficiente visual, e a falta de rampa em alguns estabelecimentos.
Para Percilia Souza, que aos 6 meses de vida foi diagnosticada com poliomielite (Paralisia infantil), relata que a dificuldade maior é na hora de pegar o transporte coletivo. "Nos terminais de Goiânia, o embarque solidário é precário, não tem separação e é a maior falta de respeito. A porta do ônibus de entrada é favorável só para cadeirantes, e deveria ser acessível para todos os tipos de pessoas com deficiência", diz.
De acordo com o estudante de engenharia, Willian Deydi, a falta de acessibilidade para os deficientes físicos se deu perante ao planejamento inicial da cidade que não visou que isso seria um problema futuro, tendo também a negligência dos órgãos responsáveis pela fiscalização. Para ele, é preciso fazer correções a curto prazo, como rampas de acesso à cadeirantes em calçadas, rampas de acesso aos shoppings, órgão públicos, sinalização horizontal para deficientes visuais, entre outros.
"Hoje já podemos andar pela cidade e ver alguns pontos onde já veem se implantando sinalização horizontais para deficientes visuais em alguns empreendimentos, mesmo sabendo que não é suficiente tem pessoas agora se preocupando com isso. Cabe a nós futuros engenheiros planejar o futuro da cidade, fazendo correções na medida do possível, e é claro que não será do dia para a noite, e sim um planejamento diário", afirma Willian.
Para Eleydes, que trabalha a mais de 16 anos na Aciteg, descreve o deficiente físico como uma pessoa que batalha muito, que luta, enfrenta os desafios, são pessoas que todos devem admirar. "Eles têm que olhar o mundo com outra visão. Eu convivo com muitos deles aqui, e tem hora que parece que eles não possuem a deficiência, conseguem se adaptar, se reinventar, eu aprendo muito com a pessoa com deficiência", afirma.
Autor: Raquel Lima.
Fonte da imagem: Google
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