Aquele ditado que diz que nada dura para sempre é valido para as construções. Os prédios possuem sua vida útil por mais que existam edifícios que possuem mais de um século e ainda continuam estruturados e outros que foram construídos a menos tempo e já estão interditados. A durabilidade de um prédio depende de vários fatores ligados a construção e ao ambiente em que o edifício se encontra.

Em média, a durabilidade de um prédio é de 50 a 100 anos. No entanto, alguns podem durar mais de 60 anos sem apresentar qualquer problema. Mas, antes de fazer as contas sobre quantos anos tem o prédio que você mora é necessário levar em consideração uma série de fatores para saber, em média, quanto tempo um edifício dura.

Atualmente, um dos maiores problemas está na busca da redução de custos no momento de elaborar o projeto orçamentário do edifício. A qualidade do material usado também interfere no processo. Um prédio que antes era construído com material de qualidade e para durar 150 anos, agora pode ser construído com menor custo e com estimativa de 50 anos de duração. A qualidade está dando lugar à quantidade.

Outro fator que interfere no tempo de vida útil do edifício é a condição ambiental como ventos, chuva, sol, umidade e fungos. Nos Estados Unidos, por exemplo, as construções da Costa Leste são feitas para suportar furacões e ventos fortes, enquanto as da Costa Oeste precisam sobreviver a terremotos. O tempo de recorrência desses eventos é considerado na hora de construir.

A manutenção também é importante. Se for analisada cada parte da construção de maneira individual, é possível chegar a vários tempos diferentes, o que indica, mais ou menos, a necessidade de manutenção. Os telhados de aço podem durar 20 anos, os de amianto 40 anos e os de barro resistem por séculos.

Já as tubulações de metal duram em média 20 anos, enquanto as de PVC chegam a 50 anos. Os vidros, azulejos, tijolos e cerâmicas em geral possuem durabilidade indefinida. Em relação a tinta, o material é uma das primeiras partes da construção a apresentar os sinais de degradação e, com 5 ou 10 anos já é preciso renovar. A tinta também é a primeira proteção de um edifício.

O concreto e as vigas tem durabilidade maior, em torno de 50 a 100 anos. O problema é quando o cimento presente na sua composição absorve gás carbônico e gera uma mistura ácida e corrosiva. Claro que há exceções, como o caso do concreto romano.


Sendo assim, para prorrogar a duração de um edifício, é preciso estar atento quanto a manutenção. As vistorias também devem ser frequentes, com o objetivo de identificar possíveis problemas e realizar a correção antes que seja tarde demais.

Situações que podem levar um prédio a desabar


Vários fatores podem causar a queda de uma edificação, desde erros no projeto até falhas de execução ou ainda obras vizinhas. Entre as principais situações que podem levar um prédio a desabar, estão:

- Erros na concepção e detalhamento do projeto estrutural


A concepção estrutural da edificação é parte primordial do projeto de engenharia, pois, através dela, o projetista verifica as necessidades de sustentação da obra e realiza a análise e dimensionamento normativos. Por essa razão, os erros cometidos na fase de concepção da estrutura podem ser responsáveis por danos irreversíveis na construção, ou no período de uso da edificação.

Além da análise e dimensionamento das peças estruturais, o detalhamento executivo é a base para a execução dos elementos que compõem a estrutura. Os detalhamentos, quando mal interpretados, podem não traduzir as necessidades levantadas previamente na concepção, podendo gerar elementos que não serão capazes de suportar as condições a que as estruturas estarão verdadeiramente expostas.

Alguns fatores que devem ser criteriosamente considerados ao projetar e detalhar uma estrutura são: atendimento adequado de todas as normas vigentes que regem projetos de estruturas; consideração de todas as ações de carregamentos que atuam na estrutura; consideração de flechas e deslocamentos durante a concepção, para que possam ser previstas formas de atender aos limites estipulados em norma; geração de detalhamentos padronizados e bem definidos; representação de cada elemento que compõe os detalhes de forma clara, sendo incluídas legendas, observações e quaisquer outras informações que sejam relevantes.

- Falhas na execução da obra


Existem diversas possíveis causas de desabamento provenientes de falhas construtivas da obra. Os erros de execução podem surgir tanto a partir de falhas dos métodos empregados ou do não atendimento do projeto, quanto de deficiências dos materiais empregados na obra.

Alguns dos principais fatores construtivos que podem causar o desabamento de uma edificação, incluem: definição e posicionamento de armaduras em desacordo com o projeto estrutural; métodos construtivos indevidos; falhas de concretagem; traço de concreto incorreto; cura do concreto mal feita; resistência dos materiais em desacordo com o projeto estrutural.

Outra situação que embora não seja propriamente construtivo também ocorre no período da concepção da obra é o escoramento, sistema que irá sustentar o peso do pavimento enquanto o concreto não tiver atingido a resistência necessária. Nesse caso, o sistema deve ser especificado em projeto, devendo ser informado de forma precisa, as distâncias, posição das escoras, quantidade e material, além de orientações importantes para a montagem e desmontagem segura dos componentes. O não atendimento dessas especificações, ou mesmo o descimbramento precoce pode comprometer a resistência dos elementos estruturais e causar danos irreparáveis na edificação, como fissuras e flechas, podendo contribuir para o colapso da construção.

- Fundações inadequadas


De maneira geral, o sistema de fundações é responsável por suportar com segurança as cargas provenientes do edifício. Dada a grande importância deste sistema, deve ser criteriosamente definido pelo projetista, que deve considerar nessa escolha, basicamente, a topografia do terreno, o porte da edificação, os carregamentos atuantes, as construções vizinhas e as características do solo do local da obra.

Tendo em vista que o solo é parte extremamente relevante da escolha do sistema de fundações, deve ser feito um estudo preliminar através de ensaios de sondagem. Esses ensaios buscam obter dados importantes como: variabilidade das camadas de solo e suas profundidades; existência de camadas resistentes ou adensáveis; compressibilidade e resistência do solo; posição do nível da água.

Qualquer item citado acima que seja suprimido pode resultar na escolha inadequada das fundações da edificação, podendo resultar em recalques diferenciais, por exemplo. Tais deslocamentos geram fissuras nas estruturas, que posteriormente podem levar ao colapso.

- Falta de manutenção


Como já foi mencionado nesta matéria, a manutenção da estrutura é essencial para manter o bom desempenho da edificação, compreender inspeções rotineiras da estrutura e recuperar itens que estão com problemas ao longo dessas inspeções. A manutenção também pode ter cunho corretivo, geralmente emergencial, cujo intuito é recuperar itens já comprometidos e que já apresentam impossibilidade de uso.

Segundo o Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias em Engenharia de São Paulo (Ibape/SP), cerca de 80 a 90% dos imóveis que não passam por revisão tem algum problema de segurança, estado de conservação, manutenção, desempenho, exposição ambiental, utilização e operação. O Instituto também esclarece que a falta de manutenção é o principal fator que compromete as estruturas de prédios.

Uma das formas de assegurar a durabilidade da estrutura, é a realização de inspeções preventivas periódicas. A partir dessas inspeções, tem-se conhecimento de possíveis problemas patológicos, podendo proceder com medidas corretivas de recuperação, que futuramente poderiam comprometer o desempenho da estrutura.

Intervenções e situações de utilização não previstas


Outro fator que pode contribuir para o desabamento de uma edificação diz respeito às situações de utilização não previstas em projeto, quando estas forem capazes de alterar o comportamento da estrutura e, portanto, comprometer a sua capacidade resistente e levá-la ao colapso.

Existem vários tipos de intervenções e situações que podem ocorrer ao longo da utilização de uma edificação que podem alterar a sua resistência, tais como: reformas da edificação com consequentes mudanças na estrutura, como eliminação de paredes, vigas, pilares, inserção de furos não previstos em projeto, entre outros; sobrecargas não consideradas em projeto; alteração da estrutura a partir do aumento da edificação, com a inclusão de outros pavimentos e /ou de elementos não previstos; fenômenos naturais não contemplados em norma, como sismos e furacões, entre outros.

No caso das intervenções, uma recomendação é a contratação de um profissional habilitado para que seja verificada a viabilidade das mesmas, bem como o levantamento de possíveis necessidades de alterações no projeto, como, por exemplo, a inclusão de reforços na estrutura.


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Fonte: Civilização Engenharia e AltoQi

Imagem: 123RF