Aeroportos brasileiros terão que investir até R$ 34 bilhões para atender a demanda de passageiros em 2030. De acordo com o estudo da FGV, em 17 anos a demanda estaria em torno de 312 milhões de passagens por ano, número muito superior a média atual de 130 milhões de passagens anuais.
De acordo com estudo divulgado na última segunda-feira (27) pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o Brasil precisará investir entre R$ 25 bilhões e R$ 34 bilhões em aeroportos para conseguir atender o fluxo de passageiros em 2030. Segundo a pesquisa, a demanda estaria em torno de 312 milhões de passagens aéreas por ano, número muito superior a atual média de 130 milhões de passagens anuais.
O estudo, elaborado pelo Grupo de Economia da Infraestrutura & Soluções Ambientais da FGV, leva em consideração o crescimento expressivo do setor, que a partir de 2004 começou a expandir o número de passageiros em taxas superiores a 10% ao ano. O levantamento também cita, por exemplo, que no Brasil são feitos em média 38 pousos e decolagens por hora, apenas 43% da média internacional.
Por isso, para viabilizar os investimentos que preparem os terminais para o tamanho da demanda, o estudo aponta para a necessidade de um modelo de concessões de aeroportos que garanta a concorrência no setor. Foram analisados dois modelos de privatização: o adotado pelo Reino Unido e pela Austrália."No caso britânico, o órgão de investigação da concorrência [Office of Fair Trading] constatou que a concentração no setor aeroportuário era prejudicial. Verificaram-se baixos investimentos, saturação dos terminais, altas tarifas e piora da qualidade do serviço", diz a pesquisa, que acrescenta que a situação fez com que o órgão regulador determinasse a venda de três aeroportos. A última venda foi feita neste ano. A pesquisa aponta que, em 1987, optou-se por uma concessão em bloco que transferiu para uma única empresa o controle de 60% dos passageiros do Reino Unido.
Já, em 1997, a Austrália privatizou os quatro principais terminais aéreos do país, porém, restringiu a participação dos agentes que arremataram um dos outros aeroportos nas outras concessões. O estudo diz que em 2011 os aeroportos do país registraram tarifas abaixo da média internacional e investimentos elevados. O estudo defende um modelo semelhante para as próximas concessões no Brasil, que restrinja a participação de grupos que já administrem outros terminais como forma de estimular a concorrência. Ricardo Ruiz, conselheiro do Conselho de Desenvolvimento Econômico (Cade), ressalta que os problemas de infraestrutura nos aeroportos se refletem na concorrência entre as empresas aéreas. "Dependendo da estratégia de negócios, a companhia pode trombar com algum estrangulamento de infraestrutura", disse ao lembrar que as modificações da malha aérea, por exemplo, depende de disponibilidade dos terminais. "Para criar uma nova rota precisa do aeroporto, do slot, da pista e do pátio".
Fonte: PINIweb.