Um grande átrio, com pé-direito livre até o sexto pavimento, e fachadas revestidas com brises e painéis de cerâmica extrudada são os elementos que integram os antigos edifícios do complexo de saúde ao seu novo núcleo, o Hospital Municipal Euryclides J. Zerbini, especializado no atendimento à mulher, em São Caetano do Sul, na Região Metropolitana de São Paulo. A inserção de uma nova edificação – o Hospital Municipal Euryclides J. Zerbini, com funções específicas de atendimento a mulher - norteou o projeto de ampliação e reforma do Complexo Hospitalar Márcia e Maria Braido. O conjunto era composto por um hospital geral e um pediátrico, distribuídos em dois prédios de seis pavimentos, com acessos independentes. A forma retangular da unidade geral e sua implantação, em uma das extremidades do terreno, foram condicionantes para a proposta de feita pelo escritório GP Arquitetura.
O desenho do novo bloco teve como base a análise do edifício antigo, suas dificuldades de acesso em nível com a rua e o conflito das circulações entre público, pacientes, funcionários e serviços. Para integrar todas as edificações, foi criado um átrio, que define o acesso principal do hospital geral. Com a atual configuração, foram também organizados os fluxos de pacientes ambulatoriais, de internação, visitantes e funcionários. O programa se organiza pela funcionalidade do acesso principal do hospital geral e sua integração com os acessos do núcleo de atendimento à mulher. Tirando partido da topografia em active e da parte desocupada do terreno, com frente para duas ruas, as entradas puderam ser reordenadas. O acesso público para o hospital geral, na nova edificação, foi mantido na face voltada para a rua São Paulo, um metro abaixo da cota da via pública, permitindo a criação do átrio com pé-direito até o sexto pavimento. Já o acesso à unidade da mulher ocorre no nível da Avenida Vital Brasil Filho, de modo independente e exclusivo, sem comprometer as conexões internas.
UNIDADE VISUAL
A ligação entre os edifícios existentes foi solucionada por meio de um conector de circulação vertical. Nesse sentido, pacientes e visitantes podem entrar e se deslocar pelos eixos de circulação vertical e horizontal, que interligam os níveis do prédio existente ao novo. Externamente, a integração das construções ocorre pelas fachadas, revestidas com brises e painéis de cerâmica extrudada, que conferem identidade visual. O sistema de fachada ventilada foi aplicado em todas as faces da edificação nova e nas da edificação existente diretamente ligadas com a área ampliada. Para o fechamento de vidro do grande vão do átrio de interligação foi utilizado o sistema structural glazing com vidro laminado reflexivo, que possui propriedades de redução nos fatores de transmissão de luz e de calor, resultando em maior conforto térmico dos interiores. O sistema de fachada ventilada com cerâmica extrudada também auxilia no conforto interno.
REDUÇÃO DE CALOR
"Para as fachadas, buscamos um sistema construtivo que respondesse à unidade plástica e tivesse tecnologia para trabalharmos os conceitos de sustentabilidade e eficiência energética", explica o arquiteto Gustavo Pinto, do ateliê GP. Além disso, a nova fachada pôde ser instalada no prédio antigo sem a necessidade de remoção do revestimento anterior. O sistema permite a ventilação natural e possibilita também a dispersão do vapor presente no interior das paredes, eliminando a umidade. Por outro lado, o vapor de água que se forma dentro do edifício pode sair parcialmente pela parede, sem nenhum impedimento, contribuindo para a conservação da estrutura. Segundo o arquiteto, a cerâmica empregada possui baixo coeficiente de absorção de água e permite a remoção natural de boa parte da fuligem pela ação da própria chuva.
Outra solução para garantir o sombreamento das fachadas foi a aplicação de brises de cerâmica extrudada, da empresa Faveton, a mesma fornecedora das placas que fazem o restante do revestimento. "Assim temos o atendimento aos diferentes níveis de iluminação e ventilação, necessários aos ambientes internos, com uma interessante variação de textura, a partir da utilização do mesmo material", observa Gustavo Pinto. Segundo o arquiteto Fábio Lunardelli, diretor técnico da Faveton, as fachadas ventiladas aumentam a eficiência energética dos edifícios. Isso porque podem reduzir a quantidade de calor que as construções absorvem em condições de tempo quente, devido a reflexão parcial da radiação solar e à abertura de ar pela ventilação. Em alguns casos, o consumo de energia para climatização pode se reduzir em ate 50%.
No sistema de fachadas ventiladas, as peças cerâmicas são fixadas na estrutura de alumínio, que possui travas para evitar a movimentação causada por vento ou chuvas fortes. Seu sistema de encaixe permite a passagem do ar para a ventilação do vão entre a parte posterior do revestimento e a fachada. Isso evita que a luz solar incida diretamente sobre a fachada e garante ventilação para que o volume não se torne uma caixa de calor. Em relação aos brises, além da diminuição da incidência de raios solares, eles reduzem a visibilidade do interior da edificação. A obra de ampliação deste hospital, que integra a rede municipal de saúde de São Caetano do Sul, foi executada, em sua maior parte, em estrutura de concreto armado, com laje-painel, sendo a área de recepção do hospital da mulher construída com estrutura metálica. A escolha de sistemas pré-fabricados para a maioria dos componentes estruturais otimizou o tempo de execução da obra. O Hospital Municipal Euryclides J. Zerbini abriga centro obstétrico, UTI neonatal, berçário, ala de internação, recepção geral, ambulatório e áreas de diagnóstico por imagem.
Fonte: PINIWEB.com.br