Material apresenta trabalhabilidade adequada para o preenchimento completo das fôrmas, sem a ocorrência de segregação, e favorável ao bom acabamento superficial do elemento

Pesquisadores do Centro de Tecnologia de Obras e Infraestrutura do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) desenvolveram um traço de referência para o concreto autoadensável utilizado em paredes moldadas no local. O projeto, elaborado por Alessandra Lorenzetti de Castro e Rafael Francisco Cardoso Santos, ambos do Laboratório de Materiais de Construção Civil do instituto, objetiva atender integralmente aos requisitos na NBR 15823-2010, que especifica sobre o concreto autoadensável em estado fresco, e contempla propriedades essenciais ao material como fluidez e resistência à segregação.

Segundo os pesquisadores, a necessidade de aprimoramento do traço surgiu a partir da elaboração de um projeto de Iniciação Científica, financiado pela Fundação de Apoio ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (FIPT). "Como o projeto desenvolvido utilizou amostras de concreto coletadas durante a execução de obras utilizando paredes de concreto moldadas no local, verificou-se uma discordância entre a aplicação prevista e as características dos materiais que estavam sendo utilizados no mercado da construção, reafirmando o perfil problemático do cenário da execução do sistema construtivo de paredes de concreto, principalmente envolvendo o concreto autoadensável", explicam os pesquisadores.

Vale lembrar que o concreto aplicado na produção de paredes moldadas no local deve apresentar uma boa trabalhabilidade, adequada para o preenchimento completo das fôrmas, sem a ocorrência de segregação e favorável ao bom acabamento superficial do elemento.

Em relação aos outros três tipos de concreto recomendados para o preenchimento das fôrmas das paredes moldadas no local (concreto celular, concreto com elevado teor de ar incorporado e concreto leve), o autoadensável se diferencia principalmente pela maior quantidade de aditivos químicos, como os superplastificantes, e de materiais finos que são adicionados à mistura. Assim, tem maior capacidade de escoar sob a influência apenas do seu próprio peso, o que elimina o processo de adensamento por vibração e da mão de obra necessária para esta etapa.

"A capacidade de autoadensabilidade é obtida com o equilíbrio entre a alta fluidez e a moderada viscosidade do material. A alta fluidez é alcançada com a utilização de aditivos superplastificantes, enquanto a moderada viscosidade e a coesão são conseguidas com o incremento de um percentual adequado de material com granulometria muito fina e/ou aditivos modificadores de viscosidade. Além disso, em relação às misturas de concreto convencional, adensadas por vibração para o adequado preenchimento das fôrmas, as misturas de concreto autoadensável são constituídas por um maior volume de pasta e, consequentemente, por um menor volume de agregados", detalham os pesquisadores.

O traço referencial desenvolvido pelos pesquisadores ainda tem vantagens ambientais, já que reutiliza materiais que geralmente seriam descartados, como resíduos oriundos da britagem de rochas.

Atualmente, o IPT trabalha no desenvolvimento de misturas de concreto autoadensável com alto teor de ar incorporado, também para uso no sistema de paredes moldadas no local. Utilizando mais esse aditivo químico, será possível diminuir o peso da estrutura e construir paredes com melhor desempenho térmico e acústico, segundo os pesquisadores.

"O concreto autoadensável deve ser utilizado quando da necessidade de se obter estruturas mais duráveis, com economia e menor tempo de execução, tendo em vista a proporção otimizada dos componentes da mistura e a ausência da necessidade do adensamento mecânico do concreto, mesmo na presença de alta densidade de armaduras e em estruturas de formas complexas", encerram os pesquisadores.

Fonte: PiniWEB