A atual queda do preço do petróleo deve-se principalmente ao aumento da produção do combustível de xisto americano e, em menor grau, da volta ao mercado do petróleo líbio, que elevaram a oferta no momento em que grandes compradores, como a China, reduziram sua demanda. No entanto, o que acontecerá a seguir, é difícil de prever. Para analistas, com a indústria do gás de xisto nos EUA a todo vapor, e a economia global ainda dando sinais de debilidade, há motivos para suspeitar que a atual baixa do preço do petróleo continue por algum tempo.
A maioria dos especialistas prevê que o barril fique situado em um intervalo de US$ 40 a US$ 80 nos próximos anos. Já os mercados futuros sugerem que o preço vai se recuperar lentamente ao nível de US$ 70 até 2019. Mas até que isso ocorra, os efeitos do atual patamar de preços serão amplos e profundos. O barril mais baixo tira a atratividade econômica de projetos de exploração de reservas profundas e de difícil acesso, o que desperta dúvidas, por exemplo, sobre o potencial econômico das reservas do pré-sal brasileiro na atual circunstância. Os preços baixos também afetam o setor de energia renovável, destruindo o argumento econômico básico que levou muitos governos a estimular energias alternativas: o de que combustíveis fósseis são caros.
Em momentos como este, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), cartel que reúne os maiores produtores globais de petróleo, normalmente agiria para reduzir a produção e, com isso, fazer os preços subirem. Isso ocorreu diversas vezes na história. No entanto, a organização preferiu não agir desta vez, com objetivo de resguardar o mercado da Arábia Saudita, líder da Opep. Sem a Opep segurando os preços artificialmente, e com uma demanda menor por causa do baixo crescimento global, o valor do barril deve continuar abaixo de US$ 100 nos próximos anos.
Mas mudanças mais reais estão a caminho. Há uma percepção crescente de que os combustíveis fósseis precisam ficar no subsolo se o mundo quiser cumprir as metas para conter as mudanças climáticas e evitar níveis perigosos de aquecimento global. Nesse cenário, é apenas uma questão de tempo até que um preço significativo do carbono (que afete poluidores por emitirem CO2) seja implementado, algo que teria um impacto profundo no mercado internacional de petróleo.
Fonte: BBC Brasil