Os Departamentos de Engenharia Civil das Universidades britânicas de Cambridge, Cardiff e Bath uniram-se para criar um novo tipo de betão que permita a construção de estruturas eternas. Este betão inteligente combina diversas tecnologias de autorreparação e promete um aumento exponencial da durabilidade relativamente ao betão convencional com cimento Portland.

O estudo, que arrancou em 2013, contará com os primeiros ensaios fora de laboratório a partir de Junho deste ano. O novo betão será testado em situações reais, incluindo elementos estruturais e não estruturais. Além disso serão também ensaiadas outro tipo de argamassas de base cimentícia que utilizam as novas tecnologias.

A estratégia delineada conduziu à atribuição de diferentes linhas de investigação a cada universidade, mantendo o objetivo comum de garantir a compatibilidade entre as novas tecnologias e permitir o seu uso num material de construção único.

A equipa de engenheiros de Cambridge focou-se nos danos em estruturas de betão à escala microscópica, desenvolvendo microcápsulas que contêm no seu interior um agente mineral reparador. Sob determinadas condições físicas e químicas as cápsulas rompem e a substância contida no seu interior é libertada, permitindo a reparação localizada da zona danificada.

Embora a tecnologia de microcápsulas já exista há alguns anos, sendo correntemente usada nas indústrias farmacêutica e alimentar e em produtos de limpeza, aquela não era aplicável a materiais cimentícios.

As cápsulas agora fabricadas pela Universidade de Cambridge têm paredes externas suficientemente fortes para permitir a mistura da argamassa numa betoneira corrente sem o risco de rotura prematura.

O trabalho desenvolvido pela equipa de Bath consiste no uso de bactérias capazes de promover a precipitação de calcita no seio dos elementos de betão, permitindo o refechamento de fissuras e outras degradações. Estas bactérias funcionam como pequenas fábricas minerais, alimentando-se de nutrientes que podem ser adicionados ao betão.

A tecnologia em estudo pelos investigadores da Universidade de Cardiff funciona a uma escala macroscópica. Consiste no uso de tendões plásticos, mais conhecidos como Polímeros com Memória de Forma (SMP) que respondem às variações de temperatura, sendo capazes de assumir diferentes configurações e voltar, quando necessário, à sua forma inicial.

Estes tendões de SMP permitem fechar ou conter fissuras de grandes dimensões, através do aquecimento do elemento estrutural.

Coletivamente as universidades estão a desenvolver uma quarta tecnologia, que pode ser usada em estruturas sujeitas a esforços elevados e com grandes probabilidades de degradação prematura. Consiste na utilização de micro-tubos organizados numa configuração vascular, mimetizando o sistema circulatório dos animais, que permitem o reabastecimento contínuo de agentes reparadores aos elementos estruturais.

Fonte: Engenharia Civil