Pode parecer um roteiro familiar em eventos esportivos de grande porte. À medida que o início se aproxima, as manchetes invariavelmente se concentram nos atrasos e na correria para tudo ficar pronto a tempo, e mesmo assim as competições transcorrem sem grandes tropeços.
Mas a Olimpíada Rio-2016 pode se tornar um dos casos mais preocupantes de preparativos em cima da hora já vistos, resultando em uma corrida contra o tempo que pode acabar inflando o orçamento atual de quase 40 bilhões de reais e aumentará o fardo sobre a já fragilizada economia brasileira.
A esta altura da reta final para a Olimpíada de Londres-2012, quase 80 por cento das instalações e da infraestrutura tinham sido finalizadas. No Rio, só cerca de 10 por cento dos 56 projetos olímpicos em construção, reforma ou de energia estão prontos.
"Ainda há muito a ser feito", disse Michael Payne, que trabalhou no Comitê Olímpico Internacional (COI) durante mais de 20 anos e ajudou o Rio a conquistar a sede dos Jogos, acrescentando que obras de última hora parecem inevitáveis.
O escândalo de corrupção da Petrobras, que implicou várias empreiteiras tocando obras para a Olimpíada, aumenta as chances de atrasos. Até agora, as empresas e o governo dizem que o escândalo não afetará o evento, mas algumas empreiteiras menores já pediram concordata e a restrição de acesso ao mercado de créditos pode transformar a obtenção de recursos em um pesadelo para as construtoras.
"Quanto mais você espera, mais caro fica", afirmou Bent Flyvbjerg, professor da Universidade de Oxford especializado em grandes projetos de construção, acrescentando que as empresas contratadas podem exigir preços maiores para trabalhos urgentes.
As autoridades brasileiras minimizam as críticas, dizendo que as comparações com outras Olimpíadas são enganosas.
Elas lembram a realização da Copa do Mundo de 2014, um sucesso apesar de alguns estádios terem sido entregues mais tarde do que em qualquer outro Mundial.
Fonte: Exame - Brasil