No último mês de março, o Instituto Trata Brasil divulgou um estudo, com dados de 2014 do Ministério das Cidades, no qual foram apresentados alguns índices relacionados à perda de água e ao ciclo de investimentos em saneamento básico no país.
Em um ambiente em que se perde em média 41,9% da água tratada (índice que chega a até 75%), e que pouco se faz para reverter o quadro, a Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2016, que levanta temas ligados ao saneamento básico, serve como uma luva. O ato de fornecer água potável para cada cidadão é um direito garantido por lei, e para este não cabe discussão. Porém, desperdiçar tanto ao fornecê-la para alguns é uma afronta a todos que sofrem com a falta dela.
A crise hídrica, vivenciada nos dois últimos anos, nos apresentou uma dura realidade: nosso meio ambiente é um patrimônio frágil, limitado e finito. O meio técnico e a população precisam de um novo equilíbrio com as cidades e a natureza. Nesta busca, conceitos de cidades sustentáveis tornam-se cada vez mais necessários e aplicáveis.
Embasadas em uma avançada combinação de planejamento e administração, estas cidades buscam adotar uma série de práticas que visam a melhoria da qualidade de vida da população, somada ao desenvolvimento econômico e à preservação dos recursos naturais.
Sem muita dilação, gostaria de citar e recomendar breve estudo sobre a vertente das Cidades Compactas, que tratam muito bem do uso racional da água e o seu reaproveitamento. Em suma, são cidades densas e socialmente diversificadas, que reduzem as dependências de áreas e recursos. Mas este é um assunto amplo, que neste momento gostaria de deixar em aberto.
Sobre os investimentos públicos no setor, fica um apelo. É indispensável que os planos e projetos desenvolvidos pelos municípios sejam realizados com comprometimento e seriedade, e que a execução das obras necessárias, sejam elas de manutenção, ampliação ou implantação, visem a melhoria da qualidade de vida da população, que, como já citado, é um dos objetivos de uma cidade dita sustentável.
Estamos convergindo para um ponto em que a sociedade se tornará absolutamente comprometida com os recursos naturais. E um grande passo para tanto é a ação individual: conscientização, economia e fiscalização. Pergunte-se de onde vem a água que você consome e para onde vai os resíduos que produz. Não somente quando o cenário ambiental preocupa, mas sim em tempo integral.
Fonte: Diário de Aparecida, 22/03/2016