Há 20 anos, um estudo da Organização das Nações Unidas para a Educação (UNESCO) apontou que um profissional para estar completamente apto a enfrentar os desafios do século 21. Assim o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), realizará debate sobre os novos rumos no ensino da engenharia.
O evento "Engineering Education for the Future 2019", promovido pelo ITA, irá ocorrer nos dias 23, 24 e 25 de maio, em São José dos Campos. Durante o evento serão debatidos algumas habilidades e características, inerentes a profissão.
Onde, Flexibilidade, capacidade para contribuir para a inovação, criatividade, técnica para lidar com incertezas, senso de aprendizagem continuada, sensibilidade social e cultural, capacidade de comunicar-se de forma eficaz, de trabalhar em equipe, de assumir novas responsabilidades e, finalmente, empreendedorismo foram descritas como tais.
No entanto, a maioria dessas competências não está incluída nos atuais currículos dos cursos de Engenharia no Brasil. Duas décadas depois, precisamos debater urgentemente como desenvolver essas novas competências e habilidades entre os alunos de engenharia.
Em um momento de busca por caminhos que levem à retomada do crescimento econômico do país, a competitividade da indústria nacional está diretamente relacionada com a qualidade de engenheiros e tecnólogos à disposição do mercado de trabalho e, preferencialmente, com capacidade de inovação dessas empresas.
Uma "Pesquisa de Inovação" realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ilustrou que a falta de pessoal qualificado foi enfatizada por 72,5% das empresas entrevistadas como um dos principais obstáculos para a inovação no setor industrial.
Em outra medida, a maioria dos engenheiros brasileiros (58%) não exerce função nas áreas em que se formam. Soma-se a esse contexto, os currículos herméticos de muitas universidades, os altos índices de evasão e a pouca aproximação entre as escolas e as empresas durante o curso.
Com isso, o Brasil está nos últimos lugares do ranking de países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de quantidade de engenheiros por 10 mil habitantes: apenas 4,8 profissionais em 2016, cerca de 1/5 de países como Rússia, Finlândia, Coreia do Sul e Áustria, com, em média, 20 engenheiros por 10 mil habitantes.
Por outro lado, também é importante que a academia ofereça experiência que conecte ao aluno à realidade da indústria atual, com suas novas tecnologias e processos. Para que o Brasil consiga formar esses profissionais, capazes de atender às novas exigências de mercado e da sociedade.
É fundamental uma revisão nos parâmetros de ensino das faculdades de Engenharia no Brasil. A busca por um caminho de transformação é o que move o "Engineering Education for the Future – EEF 2019".
Esse grande encontro será dividido em vários eventos: fóruns, mostra tecnológica, grand prix de inovação e competição 3D e de Big Data, além da presença da mais nova Escola Móvel SENAI para a Indústria 4.0.
Fórum
Para debater os desafios nos processos de aprendizado de Engenharia, palestrantes do Brasil e do mundo apresentarão suas ideias em painéis, ciclos de debates e mesa-redonda. O engenheiro Luis Carlos Affonso, VP. Corporate Strategy and Innovation da Embraer, vai falar sobre inovação na indústria e a necessidade de formação de engenheiros preparados para esse mercado.
Já Xavier Fouger, Sênior Diretor da Global Academy Programs at Dassault Systémes, mostrará sucessos e aprendizados na modernização do ensino de engenharia no mundo. A mesa-redonda será mediada pelo Prof. Dr. Jefferson de Oliveira Gomes, do ITA, vai debater parcerias, financiamento e linhas de fomento voltadas para a inovação na educação de engenharia.
Também participarão dos debates a professora Dra. Isabel Hilliger, da Pontifícia Universidade Católica do Chile (PUC-Chile), para falar sobre elementos curriculares e pedagógicos para desenvolvimento de habilidades e competências.
A professora Dra. Isabel Gonçalves, do Instituto Superior Técnico de Lisboa (ISTL), que vai debater a Tutoria na Educação de Engenharia e o estudante do ITA Daniel Martins Frageri, que vai apresentar sugestões de inovações educacionais em engenharia sob a perspectiva dos próprios alunos do ITA.
No encerramento do EEF 2019, teremos a palestra do Prof. Dr. Amitava Mitra, diretor executivo New Engineering Educational Transformation do MiT.
Competições
Acreditando na importância fundamental de competições como um processo de modernização do aprendizado, o EEF 2019 vai promover um Grand Prix, onde equipes formadas por alunos inscritos pelo site do evento serão desafiadas a apresentar resultados materiais em um prazo de 40 horas.
Essa é uma maneira de explorar algumas competências comportamentais esperadas pelo mercado desses novos profissionais: a habilidade de trabalhar em equipe, dividir responsabilidades, assumir lideranças, planejar e definir estratégias para atingir o objetivo, sob a pressão do prazo.
A equipe vencedora receberá uma premiação a ser definida pela organização do EEF. Todos os inscritos receberão certificados de participação. Já a Competição 3D vai aproximar os alunos da Indústria 4.0. Será utilizada a plataforma 3D Experience da Dassault Systems, que integra processos de negócios e de desenvolvimento de produtos em um ambiente totalmente digital.
O Data Science Challenge, competição voltada a alunos de graduação e pós-graduação do ITA e UNIFESP vai buscar soluções para um problema de predição com o uso de dados reais, através da exploração do conhecimento em Ciência de Dados e Aprendizado de Máquina, com o uso da plataforma online Kaggle.
Mostra
A exposição temática vai proporcionar um passeio pela evolução e materialização de projetos em desenvolvimento pelo ITA e Institutos do DCTA, com apresentação dos alunos, professores e pesquisadores.
Norteada pelos conceitos de conectividade e interação, a Mostra Tecnológica quer encontrar intersecções entre grupos diferentes de pesquisas, capazes de expandir e provocar transformações nos processos de aprendizado.
"O papel do engenheiro é fundamental para o desenvolvimento econômico e, principalmente, social, do país. Precisamos buscar maneiras de conseguir indicar caminhos e ferramentas para que o profissional formado consiga transformar toda essa tecnologia e conhecimento em PIB", conta João Seffrin, membro do ITAEx (Ex-Alunos Apoiando o ITA) e um dos coordenadores do evento.
Para saber mais sobre o EEF 2019, acesse www.eef.ita.br. As inscrições também podem ser feitas gratuitamente no site.
Fonte: www.defesa.tv.br