Diante de monumentos antigos, muitos datados com mais de mil anos, dá para perceber o quanto a engenharia da antiguidade era diferente dos tempos atuais e como os materiais empregados para a construção da obra eram extremamente resistentes. Obras como as que estão localizadas na Grécia, Egito, Marrocos e em outras partes do mundo são exemplos de estruturas que resistiram ao tempo.


Foi entre os séculos IV e VII a.C. que o ser humano construiu as estruturas artificiais de maior magnitude do mundo. Templos, palácios e tantas outras edificações tinham como principal função exaltar o poder dos líderes, tanto do plano físico quanto do plano espiritual. Mas, para além disso com o passar do tempo os agrupamentos humanos tornaram-se mais densos e veio a necessidade de construir estruturas maiores, resistentes, duráveis, de melhor aparência e capazes de abranger vãos mais extensos.


Certos materiais usados na antiguidade podem explicar o motivo das construções antigas serem tão resistentes. Alguns deles ainda são usados atualmente devido a sua alta durabilidade, tais como: adobe, pedra e cimento.

Adobe


Vindo da época colonial aqui no Brasil ainda se usa construções feitas em adobe. Porém, o material usado é ainda mais antigo e data de mais de cinco mil anos. Edificações que fizeram o uso do adobe podem ser encontradas nas Américas, África, Oriente Médio e Europa. Alguns dos monumentos arquitetônicos mais antigos do mundo, como as Muralhas da China, tiveram partes erguidas com terra compactada e ainda permanecem de pé. No entanto com o tempo, talvez o preconceito e a desinformação fizeram com que as pessoas passassem a optar pelo tijolo cozido.


O preconceito em relação as construções de adobe podem estar ligadas à ideia de moradias precárias e sem higiene, já que a maioria dos exemplares se encontram em regiões de extrema pobreza. Entretanto, problemas oriundos de má execução e conservação podem surgir em obras feitas com qualquer outro material, ou seja, não são problemas intrínsecos do barro. Na realidade, a terra crua é muito abundante no mundo e um material de excelentes qualidades, como absorção de umidade. Sendo assim, é uma boa alternativa para o futuro. Por isso, profissionais ligados à área da bioarquitetura têm se empenhado em impulsionar o resgaste desse modelo antigo de construção em propostas contemporâneas.

Pedra


Exemplos de estruturas elaboradas com uso de pedras que são extremamente resistentes e datam da antiguidade são as pirâmides como por exemplo, o grande túmulo do faraó egípcio Queops, erguido em 2650 a.C.. Esse e outros monumentos são, talvez, os exemplares mais surpreendentes de engenharia e arquitetura em pedras. Mas, a cultura que explorou com mais maestria esse material foi a grega. Até os anos de 900 a.C., a maioria de suas edificações era feita em madeira, barro e palha. Só no período de mais alto desenvolvimento econômico e cultural dessa civilização antiga é que outras matérias-primas passaram a ser utilizadas.

Foi a partir do século VII a.C. que os gregos passaram a usar as rochas, principalmente o mármore, para erguer seus templos, teatros e tantas outras edificações. Normalmente, os elementos construtivos mais importantes eram as vigas de madeira, envoltas por colunas de pedra. Os engenheiros daquela época não utilizavam argamassa para firmar as peças, apenas braçadeiras e buchas. Já as esculturas e outros ornamentos eram feitos em calcário, já que esse material era mais fácil de ser esculpido.

Cimento


Aos poucos os segredos da Roma Antiga vão sendo revelados e um deles é o cimento. A química do material aprimorado há milhares de anos por essa civilização, como uma alternativa no lugar do barro ou da pedra, mostrou-se muito resistente à ação do tempo. No entanto, diferente do cimento que é usado na contemporaneidade, no qual, o concreto é baseado em uma mistura que leva cimento Portland, responsável pela maior parte das emissões de CO² no planeta, o cimento romano era diferente, bem mais compatível com o meio ambiente.

O cimento fabricado pelos romanos na antiguidade levava cal, cinzas vulcânicas e rochas. Esse mineral é, na verdade, bastante raro. O tobermorita de alumínio é um tipo de substância que tem a capacidade de se cristalizar conforme é aquecida no preparo da massa. Juntos, todos os itens da mistura reagem endurecendo em contato com água do mar. E é exatamente por essa razão que suas obras são tão fortes e sem rachaduras. Esse avanço tecnológico lhes permitiu erguer desde barragens marítimas até construções com arcos, abóbadas, cúpulas e, consequentemente, vãos bem maiores que o de costume na engenharia antiga.

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Fonte: Engenharia 360

Imagem: Envato Elements